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Dr. Frank era professor de universidade, homem da ciência e céptico a qualquer assunto relacionado à religião. “Se não esta provado pela ciência não existe”, dizia ele quando se via no meio de uma conversa sobre o tema.

Certo dia, saindo do seu carro quando chegou à universidade para sua aula noturna escutou uma voz:

“Dr. Frank?” – disse uma moça de uns 17 anos aproximando dele.
“Pois não?” – perguntou curioso para saber quem era aquela moça, definitivamente nenhuma de suas alunas, ele conhecia a todos por nome.

“Sou a filha da Marisa, sua colega de Yoga” – respondeu a moça com um belo sorriso. “Desculpa te incomodar, mas eu estou a ponto de prestar vestibular, sonho em ser médica mas não sei se tenho estomago, queria assistir uma de suas aulas de anatomia se possível.”

“Humm, esta bem, apesar de que não deveria permitir, estou somente prestando um favor a sua mãe.” – respondeu Dr. Frank já andando em direção ao prédio.

Caminharam por uns 5 minutos até chegarem à sala onde Dr. Frank iria dar sua aula.

“Olha, não atrapalhe minha aula, não faça perguntas e não fale nada. Senta nessa cadeira e assiste. Quando formos analisar corpos você pode chegar perto. Não quero me meter em encrenca por trazer você aqui.” – disse ele com ar sério.

O tempo foi passando, chegaram os alunos e a aula começou. Dr. Frank olhava a moça uma vez ou outra que parecia muito interessada na aula. Algum tempo depois pediu a dois alunos que tirassem dois corpos do freezer para que ele os demonstrasse um procedimento.

“Professor, tem dois corpos recém chegados aqui. São indigentes, encontrados pela policia alguns dias atrás, foram mortos a tiros, esta aqui o relatório. Ainda não foram usados para estudo.” – Disse o rapaz estendendo uma prancheta com a informação dos cadáveres.

Olhando o relatório o professor balançou a cabeça dizendo que sim.

Os dois alunos retiraram os corpos dos plásticos e os colocaram em cima de uma mesa. A moça se levantou e curiosa foi até os corpos.

“Dr. Frank, cuida de mim, por favor.” – disse ela tremendo, com olhar estranho e se aproximando do professor, que imediatamente foi falar come ela.

Ela se virou e saiu correndo da sala e ele atrás dela, quando alcançou o corredor não a viu mais. Se aproximou do vigia.

“O senhor viu para onde foi a moça que saiu da minha sala?” – perguntou Dr. Frank.

“Ninguém passou por aqui não senhor.” – respondeu o vigia intrigado.

“O moça que entrou comigo mais cedo para aula de anatomia”. – explicou ele.

“Me desculpa Dr. eu não vi ninguém entrar com o senhor”. – contestou o homem mais intrigado ainda.
Dr. Frank virou-se em direção à sala agarrando o celular do bolso. Selecionou o celular de Marisa, segundos depois alguém atendeu.

“Oi Marisa, é o Frank da aula de Yoga. Escuta, sua filha esteve aqui e pediu para assistir uma das minhas aulas de anatomia. Acho que ela não agüentou ver os cadáveres e foi embora chorando.” – contou ele a mãe da moça.

“Estranho, ela foi acampar com o namorado e deveria estar de volta somente amanhã”. – respondeu Marisa com ar preocupado.

“Bom, pode ter sido outra Marisa então, eu conectei com você primeiro, mas deixa pra lá, eu tenho ir que meus alunos me esperam.” – disse e já desligando o telefone. “Acampamento... sei, esses adolescentes”.

Ele voltou a sala onde os alunos já haviam começado a estudar os corpos, se aproximou da mesa para tomar a liderança da aula novamente. Sua feição mudou completamente, o terror tomou conta de seu corpo.

“Para” – gritou Frank tirando a mão do rapaz que estava dentro do abdômen do cadáver. “Ela não é indigente, eu a conheço.” – disse ele aterrorizado.

Ali deitada na mesa de estudo com o tronco do seu corpo aberto, estava a filha de Marisa. Dr. Frank tremia da cabeça aos pés. Não sabia o que pensar, estava confuso e com medo pois aquilo era novidade para ele. Ele deu um passo em direção a porta, ali estava ela novamente. A brisa da noite tocou sua nuca e ele arrepiou.

“Me devolve pra minha mãe.” – disse a ela com voz tremula.

Um segundo depois já não estava mais lá. Dr. Frank dispensou seus alunos, sentou-se onde supostamente estava a garota e ali ficou por horas pensando tudo, tudo o que ele não acreditava teria que reconsiderar.


Em contos de fadas como A Bela Adormecida e Branca de Neve, ambas as donzelas conquistam os príncipes encantados quando estão semimortas. Através de um beijo salvador, as duas voltam à vida e vivem felizes para sempre. Bonitinho por fora, mas feio por dentro: do ponto de vista psicológico, encontramos mensagens subentendidas de uma sociedade machista, opressora, que renega às mulheres um papel secundário.

No caso destes dois contos, as personagens principais só conquistam os príncipes quando estão inertes, quietinhas, comportadas – como se espera de uma boa moça. Além disso, subentende-se dessas histórias que as moças só terão uma vida que preste se arranjarem um macho – um príncipe lindo, branco, alto, loiro, de olhos verdes e, de preferência, rico. Elas não são nada sem um homem, portanto, incapazes de atingirem a felicidade. O homem é como se fosse um ser superior necessário a suas vidas. Tal característica vem, obviamente, de nossa sociedade. 

Os contos de fadas apenas absorvem o que acontece em nosso mundo. E até hoje tal comportamento perdura. Ao mostrar tais histórias às nossas meninas, estamos ensinando-as desde cedo que devem arrumar um homem, casarem-se com ele e terem filhos, educando-os enquanto cuidam da casa; você é mulher e seu papel é apenas esse.

Claro que isto mudou bastante, principalmente na segunda metade do século passado, mas ainda criamos nossas filhas assim. Não é à toa que o sonho de nove em cada dez adolescentes, com idades entre doze e treze anos é casar com o cantor teen do momento. Já outras desejam engravidar do jogador de futebol ou do cantor que faz sucesso. Veja, a felicidade e o sucesso de vida que elas acham que conseguirão está sempre atrelada a um homem. Quer submissão maior? Se a sociedade hoje “obriga” a submissão e dependência da mulher ao homem, imagine a duzentos, trezentos, novecentos anos atrás.

Nascida há quase trezentos anos, mais precisamente em 1718, na cidade de Henley-on-Thames, Oxfordshire, Inglaterra, Mary Blandy era filha única de pais que desde cedo deixaram claro o que queriam para ela: um homem – e rico, de preferência. Se Mary tivesse nascido homem, certamente seu pai, Francis, a criaria para ser um provedor, não para arrumar uma mulher. As mulheres é que precisam dos homens, certo? Então isso não seria problema. Como o bebê do casal Blandy nasceu menina, a criação foi traçada com outro objetivo. É bom deixar claro que Francis e sua mulher não desejavam nenhum mal a Mary, ao contrário: eles queriam que ela vivesse uma vida boa e feliz – e isso significava arranjar um homem de posses a ela. Era o contexto social da época, assim como é hoje (com algumas poucas modificações).

Registros daquele tempo dizem que seu pai tinha “todos os seus pensamentos voltados ao propósito de posicioná-la de forma vantajosa no mundo.”. Para atingir esse objetivo, Francis espalhou o boato de que tinha bens avaliados em 10 mil libras, mas, na verdade, não tinha mais que 3 mil (ainda assim, bastante dinheiro para a época). Com tal boato, seu objetivo era dar a impressão de riqueza – o que filtraria os pretendentes da filha. Mas não era só isso: apesar de ser uma menina agradável e de ter boas maneiras, Mary não fora agraciada pela beleza, então, o enorme dote seria uma espécie de “compensação” por parte de seu pai.


Uma criança criada para o matrimônio não poderia crescer com outro objetivo de vida. A infância tem um impacto muito grande em nossas personalidades e, tendo aprendido apenas isso, Mary cresceu com a mente levada para um só propósito. Além disso, conseguir um marido seria realizar a felicidade dos seus pais. Sempre queremos deixar nossos pais orgulhosos, não? Mas, ao atingir a adolescência, Mary viu surgir um problema inesperado: seu pai gostava muito de dinheiro, e apesar, de alardear aos quatro ventos que um dote generoso esperava um pretendente de posses, ele começou a recusar todo e qualquer homem que aparecia para cortejar sua filha. Ele não queria gastar sua fortuna com ela. Documentos da época relatam que os dois começaram a discutir a respeito. Mary ficou irritada, ressentida com o pai por arruinar sua felicidade. Apesar dele não tirar a mão do bolso, prometia “deixar para ela tudo que tivesse ao morrer.”

No verão de 1746, um novo pretendente apareceu. Ele era William Henry Cranstoun, capitão e filho de um lorde escocês. Mary contava, nessa época, quase 30 anos, e o medo de tornar-se uma velha beata pode tê-la feito enxergar em William sua última chance de felicidade, mesmo ele sendo 20 anos mais velho, casado, baixinho, vesgo, e com o rosto marcado pela catapora. Óbvio que William usou de seus 50 anos bem vividos para fazer a cabeça da ingênua e desesperada donzela. Conquistador de várias batalhas (amorosas), o baixinho se interessou pela virgem, mas mais provavelmente por sua suposta fortuna.

Francis Blandy não se opôs ao relacionamento, até descobrir que o homem tinha esposa e filha. Querendo a moça nova a todo custo, William continuou cortejando Mary, dizendo a ela que seu casamento era ilegal. Se isso importava ou não a Mary é uma incógnita, mas o que se sabe mesmo é que ela estava louca para se casar, pois a felicidade só poderia vir ao lado de um homem. Além disso, sua visão de mundo restrita aos ensinamentos aprendidos durante toda vida dizia que sua missão era apenas conseguir um marido.

Talvez incentivada por William, ela começou a colocar arsênico no chá do pai, e mais tarde em seu mingau. Mary o chamava de “pó do amor” e dizia que esperava que a substância diminuísse o desprezo do pai por seu namorado. Historiadores ainda hoje divergem sobre a real intenção da filha ao envenenar o pai. Ela sabia que estava envenenando-o? Ela realmente queria matá-lo? Na época, o arsênico em pequenas doses era considerado um tônico, além de ser usado no tratamento de doenças ligadas aos tripanosomas e de sífilis. Bruxos também o utilizavam em feitiços, nos famosos trabalhos hoje conhecidos como “amarração amorosa”. Pesquisadores acreditam que, manipulada por William, Mary começou a dar arsênico ao seu pai acreditando que o pó o faria mudar de ideia, daí o fato dela chamar de pó do amor. Já outros, dizem que não, que Mary sabia muito bem o que estava fazendo; ela queria apenas livrar-se do velho para, enfim, poder se casar.

Em Agosto de 1751, o Dr. Anthony Addington foi chamado até os aposentos de Francis Blandy. O velho homem reclamava de aspereza na boca, na língua, na garganta e do estômago queimando; também se queixava de dores no intestino e do corpo, com fisgadas (como se agulhas estivessem sendo arremessadas contra ele). Tudo isso após ter comido um mingau preparado por sua filha. “Eu suspeitei que estes sintomas fossem de envenenamento, então perguntei a Srta. Blandy se seu pai tivera algum problema com algum dos seus criados, clientes ou com alguma outra pessoa. Então, ela respondeu: ‘Ele está em paz com o mundo e o mundo está em paz com ele.’. Contei ao Sr. Blandy sobre minhas suspeitas e ele disse: ‘Pode ser’, mas a Srta. Blandy retrucou, ‘É impossível.’.”. (Dr. Anthony Addington, The Trial of Mary Blandy for the Murder of her Father, 1752).

Em 14 de Agosto de 1751, Francis Blandy faleceu. Pacotes de arsênico foram encontrados pela casa; Mary queimara todas as cartas recebidas por William, mas uma, parcialmente queimada, com a inscrição “o pó para limpar pedras” foi encontrada. Mary foi presa no mesmo dia da morte de seu pai. Seu julgamento começou na Divinity School, Oxford Assizes, em 3 de Março de 1752. Criados da família testemunharam que ela chamava o pai de “patife, vilão, cão velho e desdentado” e dizia que o queria “morto no inferno”. Uma empregada contou que Mary havia dito ao pai que dava arsênico a ele, mas só para “fazê-lo amar Cranstoun”. Mary implorou ao pai para não amaldiçoá-la e ele respondeu: “Minha querida, como pode pensar que eu a amaldiçoaria? Não, eu a abençoo e espero que Deus a abençoe e faça sua vida feliz.”. O testemunho da empregada de que o Francis Blandy sabia que sua filha o envenenava foi confirmado através do testemunho do Dr. Addington: “Quando eu perguntei a ele quem poderia está-lo envenenando, lágrimas caíram de seus olhos e, forçando um sorriso, disse, ‘Uma pobre menina doente de amor, eu a perdoo.’” (Dr. Anthony Addington, The Trial of Mary Blandy for the Murder of her Father, 1752).


O júri levou só cinco minutos para dar o veredicto: culpada. Mary Blandy foi sentenciada à morte.


No Domingo de Páscoa, em 6 de Abril de 1752, Mary Blandy foi levada ao patíbulo para ser enforcada: “Cavalheiros, não me levantem demais, pelo bem da decência!”, disse ela aos carrascos enquanto a corda era colocada em volta do seu pescoço. “Tenho medo de cair”, foram suas últimas palavras. A moça, cujo objetivo de vida era apenas se casar, morria aos 33 anos por ter levado seu sonho até as últimas consequências. Ela foi enterrada com os pais na Paróquia de Henley. William Cranstoun, que havia fugido para a França, morreu de causas naturais em Dezembro do mesmo ano. Ele deixou seu dinheiro para a mulher e para filha que um dia renegara.

Na época o caso Mary Blandy chamou bastante atenção da mídia. Supostas cartas de amor escritas por ela foram publicadas em vários jornais e a opinião pública ficou dividida sobre sua culpa. Os que acreditavam em sua inocência diziam que ela estava mentalmente fraca, os que acreditavam do contrário, diziam que sua mente feminina maquiavélica e seu coração apaixonado não estavam em nenhuma hipótese sob feitiço de um homem velho e astuto. O debate atravessou as décadas e no século 19 seu caso foi reexaminado em dezenas de textos que diminuíram sua culpabilidade descrevendo-a como uma pobre moça doente de amor. Hoje sua história está completamente esquecida.





Duzentos e sessenta anos depois, Mary Blandy foi notícia novamente nos tabloides ingleses. Em 2011, um bilionário russo comprou o mais caro imóvel de toda Inglaterra. Ele desembolsou cerca de R$ 532 milhões de reais pelo castelo Park Place, em Henley-on-Thames. O castelo pertenceu a Francis Blandy e, segundo uma reportagem do Daily Mail, o fantasma de sua filha Mary até hoje assombra o lugar, vagando e assobiando… à procura de um homem para, enfim, ter como marido.


Fontes consultadas: The Trial of Mary Blandy (disponível em fullbooks.com); Capital Punishment U.K; Donnelley, Paul (501 Crimes mais Notórios); archive.org;

Uma câmera de vigilância captou estas imagens que muitas pessoas atribuíram a uma aparição fantasmagórica. O evento ocorreu no hotel Hillesheim em Dusseldorf, na Alemanha. O que vocês acham? Fantasmas, fenômeno paranormal ou insetos na câmera?